Retornos de Braathen e Hirscher Colocam Brasil e Países Baixos em Destaque no Esqui Alpino
Atualizado em 24 de outubro de 2024 às 10h01 GMT-4
Dois astros do esqui alpino, que estavam aposentados, retornaram ao circuito da Copa do Mundo e colocaram o Brasil e os Países Baixos em evidência, dois países que geralmente não são associados a competições de alto nível na modalidade. Lucas Pinheiro Braathen, que competia pela Noruega até deixar o esporte no ano passado, e Marcel Hirscher, medalhista olímpico e recordista de oito títulos gerais, que representava a Áustria até 2019, agora competirão para os países de suas mães, respectivamente, Brasil e Países Baixos, na nova temporada da Copa do Mundo que começa neste final de semana com um slalom gigante na Áustria.
O RETORNO DE LUCAS BRAATHEN
“Sou um atleta representando 200 milhões de brasileiros. Esse capítulo começa no domingo. Não vou desistir até ver essa bandeira levantada, até o topo,” disse Braathen na quinta-feira.
Filho de um pai norueguês e uma mãe brasileira, Braathen fez sua estreia na Copa do Mundo em 2018, aos 18 anos, em uma corrida vencida por Hirscher, que estava competindo em sua última temporada. Braathen conquistou cinco vitórias em corridas da Copa do Mundo e venceu o título da temporada de slalom 2022-2023.
Conhecido por sua personalidade vibrante, incluindo pintar as unhas e ter gosto por moda, Braathen interrompeu sua carreira de forma repentina no ano passado, após um desentendimento com a federação de esqui da Noruega sobre seus direitos de marketing.
Durante seu ano fora, Braathen viajou pelo mundo, mas permaneceu conectado ao esporte ao se envolver no desenvolvimento de esquis com sua fornecedora de equipamentos, a marca austríaca Atomic.
“Foi um ano muito interessante, um ano de explorar quem eu sou e de explorar outros interesses,” afirmou Braathen. “Aprendi muito e foi muito interessante poder me aprofundar na indústria do esqui.”
Em março, ele anunciou seu retorno, agora competindo pelo Brasil, uma federação que não tem representantes na Copa do Mundo de esqui alpino desde 2016. O Brasil também nunca conquistou uma medalha olímpica em esportes de inverno.
“É como começar esse esporte do zero, você está apresentando todo o esporte a um novo público-alvo,” disse Braathen.
A equipe ao seu redor é liderada por seu pai, Bjorn Braathen, e inclui o ex-treinador de Hirscher, Michael Pircher, e o preparador físico Kurt Kothbauer, que trabalhou anteriormente com o campeão Marco Odermatt.
“Claro, sou um atleta, um vencedor nato. Não estou aqui para ficar em sexto, quinto ou quarto lugar, estou aqui para o pódio e para vitórias,” disse Braathen, que perdeu seu lugar no grupo de largada favorável após seu ano sabático.
Seu ex-companheiro de equipe da Noruega, Henrik Kristoffersen, acredita que Braathen pode começar a vencer novamente em breve.
“Treinamos juntos por dois dias na pista de Soelden. Ele não estava devagar,” disse Kristoffersen, vencedor de dois títulos de slalom da Copa do Mundo.
MARCEL HIRSCHER E O RETORNO PARA OS PAÍSES BAIXOS
O retorno de Braathen não foi uma surpresa, mas o anúncio de Hirscher sete semanas depois certamente foi. O ex-atleta de 35 anos, que dominou o esporte por uma década, com oito títulos gerais consecutivos e 12 títulos de disciplina, decidiu representar os Países Baixos, onde sua mãe nasceu, e não mais a Áustria, seu país natal, por uma questão de não querer tirar a vaga de outro atleta na equipe austríaca.
Hirscher também teve que mudar de federação devido a um conflito com sua própria marca de esquis, que não faz parte dos fornecedores aprovados pela federação de esqui austríaca. Por isso, Hirscher não poderia usar seus próprios equipamentos se competisse pela Áustria.
“Para mim, não faz diferença se eu usar um uniforme laranja ou vermelho-branco-vermelho. Eu moro na Áustria, me sinto austríaco, mas estou feliz em competir pelo país da minha mãe,” disse Hirscher.
O resultado mais importante da história do esqui dos Países Baixos na Copa do Mundo foi um oitavo lugar conquistado por Marvin van Heek em 2012, durante uma descida afetada por condições climáticas em Val Gardena, na Itália. Hirscher espera que sua presença ajude a aumentar o entusiasmo pelo esqui nos Países Baixos e traga mais recursos para o desenvolvimento de jovens talentos.
DESAFIOS E EXPECTATIVAS PARA A NOVA TEMPORADA
Apesar de Braathen ter se afastado do circuito no ano passado, Hirscher teve desafios em sua preparação para o retorno. O treinamento em Nova Zelândia teve que ser interrompido devido a condições climáticas adversas, e ele enfrentou problemas de saúde no mês seguinte. Isso deixou Hirscher incerto sobre sua participação em Soelden no final de semana.
“Eu vou ver dia a dia, semana a semana, onde essa jornada me levará,” disse Hirscher, acrescentando que não tinha o Campeonato Mundial de 2025 em sua mente ainda.
Graças a uma regra de wild card introduzida pela Federação Internacional de Esqui e Snowboard (FIS) em julho, Hirscher tem uma vaga garantida nas competições da Copa do Mundo, sem a necessidade de se qualificar por meio de corridas FIS de menor classificação.
“O wild card é uma coisa legal para o esporte,” disse Hirscher. “Certamente não sou o único fazendo um retorno nos próximos cinco anos. Estou realmente ansioso para ver quem mais vai voltar.”
CONCLUSÃO
Os retornos de Lucas Braathen e Marcel Hirscher trazem um brilho especial para o esqui alpino, destacando o Brasil e os Países Baixos em um cenário esportivo dominado tradicionalmente por países alpinos. As expectativas para ambos são altas, e a temporada de 2024 promete ser cheia de emoções, com esses dois grandes nomes retornando ao esporte, prontos para deixar suas marcas mais uma vez. —registre-se agora